domingo, 12 de setembro de 2010

História de Itapuã




Colégio: Rotary
Componentes: Beatriz Pinto
Bianca Fagundes
Gleice Araújo
Luana Borges
Série: 3º F


Itapoã

Um bairro de tradição, cultura e beleza



Em Tupi Guarani, Itapoã quer dizer "pedra que ronca". Conta à história que uma pedra roncava na praia de Itapoá, sempre que a maré estava vazante e isso acabou dando origem ao nome ao bairro, um dos mais famosos de Salvador. No início da década de 50, Itapoã era apenas uma colônia de pescadores em uma região afastada do centro de Salvador. A praia passou a ser ponto de veraneio predileto dos soteropolitanos e hoje é um dos bairros mais populosos e populares da capital baiana. O pescador Nelson dos Santos, 54 anos, acompanhou toda essa mudança. "Eu sou filho do Rio Vermelho, mas já faz 40 anos que estou em Itapoã, lugar que escolhi para morar por causa do mar ser cheio de peixe, e pescar é minha vida, isso dá tranqüilidade. Hoje em dia está tudo diferente, mas daqui não saio nem morto, tem até cemitério aqui perto!", conta Pai Veio, como é conhecido.
Se nos dias atuais a tranqüilidade dos tempos passados já não existe mais, a urbanização não substituiu o encanto e o romantismo de Itapoã. "Aqui ainda é um pouco o bairro do interior, onde as pessoas se sentam na calçada para ver o fim de tarde e têm todo um jeito itapuzeiro de ser", brinca Cícero Silva, morador do bairro, que escolheu justamente por esse motivo, há quase dez anos. Ainda vale e vai valer em qualquer tempo, seguir o conselho dado em 1969 na canção composta por Toquinho e Vinícius de Moraes: colocar um velho calção de banho e passar uma tarde ao sol que arde em Itapoã. E a labuta dos pescadores no mar ainda é espetáculo de manhã cedo e nos fins de tarde. A Colônia Z-6 tem 2.800 pescadores cadastrados, que tiram do mar o sustento para a família. Por tudo isso, embora o cenário que inspirou tantos poetas tenha mudado bastante, Itapoã continua o lugar perfeito para falar de amor. Ou, para quem está longe, lembrar saudoso como Dorival Caymmi, em Saudade de Itapoã "Coqueiro de Itapoã - coqueiro! Areia de Itapoã - areia! Morena de Itapoã - morena! Saudade de Itapoã - me deixa!".

Os distantes 21 quilômetros que separam Itapoã do centro de Salvador já não são mais percebidos depois da estrada de asfalto que liga toda a orla de Salvador. A paisagem composta de outras belas praias ajuda o passageiro a não sentir a viagem: Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Chega Negro, Armação, Itapoã. Chegando lá, o visitante encontra uma boa infra-estrutura em hotéis e pousadas. Os moradores lotam as barracas de petiscos à beira-mar, muito movimentadas nos fins-de-semana. Localizada numa espécie de enseada de águas claras, Itapoã tem o mar calmo e areias enfeitadas por coqueiros. E tem coisas que só acontecem lá. Segunda- feira, por exemplo, é dia de reunir os times de futebol da vizinhança para aquele show de bola. O tradicional Baba da Ressaca reúne logo na manhã seguinte ao agitado domingo, jogadores selecionados entre os moradores do bairro, sendo mais um ponto de encontro da comunidade do bairro. Os times se enfrentam na Associação dos ex-combatentes para curar a ressaca de domingo.

Lá também fica a Capela de São Francisco, uma das mais antigas construções da Bahia, erguida por ordem de Francisco Dias D'Avila, Senhor da Torre, para abrigar a imagem de Santo Antônio Argoin. A Lavagem de Itapoã, a última do ciclo de festas populares da Bahia antes do Carnaval, é uma homenagem à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do bairro. A praça mais famosa chama-se Dorival Caymmi, também nome de uma das principais avenidas. Um outro point famoso fica no Largo de Itapoã: a barraca de Cira, famosa baiana de acarajé, atrai muitos turistas, artistas, políticos e gente da terra. Itapoã é emoldurada ainda por belas praias, o Farol de listras vermelhas e a famosa Lagoa do Abaeté.
Dentre as várias lendas e histórias fantásticas que ajudam a contar a história do bairro, ainda lembradas nas prosas dos pescadores e moradores mais antigos, está uma que teria acontecido na década de 40. Dizem que cerca de 15 mil homens desembarcaram de navios ingleses, neste trecho do litoral baiano, para escapar da artilharia alemã. Quando passou o perigo, alguns marujos retornaram ao mar, mas cerca de 200 deles se recusaram a deixar o local. Afinal, estavam diante de um verdadeiro "paraíso perdido".



Abaeté


A noite ta que é um dia
Diz alguém olhando a lua
Pela praia as criancinhas
Brincam à luz do luar
O luar prateia tudo
Coqueiral, areia e mar
A gente imagina quanto
A lagoa linda é
A lua se namorando
Nas águas de Abaeté
(Dorival Caymmi - "A Lenda do Abaeté")
A lagoa de água escura cercada de dunas de areia branca, imortalizada pelas canções de Dorival Caymmi, é a grande atração de Itapoã. Um dos mais conhecidos cartões-postais da cidade, a Lagoa do Abaeté resulta do represamento de antigos rios que corriam na região e do acúmulo de água de chuva. Uma curiosidade é que a água tem temperatura diferente em vários trechos, resultante de correntes que não se misturam. A profundidade chega aos cinco metros, e a coloração escura é determinada pelos minerais e microorganismos presentes em toda a extensão da lagoa. As dunas são formadas pelo acúmulo de areia vinda da Praia de Itapoã e adjacências foram emolduradas, com o passar do tempo, por cobertura vegetal. Essa vegetação desempenha um importante papel na preservação da flora local, e entre as espécies mais encontradas estão orquídeas (algumas de espécies raras) e árvores frutíferas, como goiabeiras e cajueiros. A área de Proteção Ambiental desde 1987, é um dos maiores centros de lazer ecológico do Nordeste.
O Parque do Abaeté ocupa uma área de 400 hectares, e desde que foi criado, em 1993, passou a ser um importante pólo de lazer ecológico de Salvador. A área urbanizada, quase metade do total do parque, reúne atrativos, naturais e culturais, como Casa da Música, lanchonetes, restaurantes, lojas de artesanato, playground e 17 quiosques para a venda de coco e de comidas típicas. Na Casa da Música da Bahia estão reunidos documentos que contam a história da música baiana, em acervos de música, vídeo, fotos, livros e instrumentos musicais. Logo na entrada quem recebe os visitantes é a "fóbica", utilizada por Dodô e Osmar na criação do trio elétrico, decorada como na época.
Tem também a Casa das Lavadeiras, uma iniciativa para evitar a poluição da água com lavagem de roupa sem retirar do local as mulheres que há anos sustentam as famílias usando a água da lagoa. Para tornar a labuta menos árdua, as lavadeiras costumam cantar e organizam festas religiosas. O Abaeté é, inclusive, porto de diversas manifestações de cultos afro-baianos, que utilizam o local para deixar oferendas a Oxum, o orixá da água doce. E palco de lendas também: uma delas conta que, às margens da lagoa, é possível ouvir sons de atabaques de candomblé sem que se identifique sua origem. Um resgate dessas lendas foi feito a partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Salvador e o bloco afro Malê Debalê. Estudantes entrevistaram lavadeiras, moradores e pescadores do bairro e escreveram o livro Lendas e magias da Lagoa do Abaeté, que está sendo utilizado como material didático na rede pública de ensino. Esse é apenas um dos projetos de resgate da história do bairro, já está em fase de preparação a próxima publicação: História de Pescadores.



Lagoa do Malê

Um dos mais importantes blocos afros de Salvador, o Malê Debalê, nasceu nas areias do Abaeté, há 23 anos. Antes de ser uma agremiação carnavalesca, o bloco possui um trabalho de resgate histórico e das tradições do candomblé, repassando a história do povo negro para os integrantes e toda a comunidade do bairro de Itapoã. O próprio nome Malê Debalê é uma referência à Revolta dos Malês, manifestação em prol da liberdade que aconteceu na Bahia escravocrata do início do século XIX. O levante dos Malês aconteceu na madrugada de 25 de janeiro de 1835, e só acabou depois de muitas horas de luta pelas ruas do centro de Salvador.
A entidade tem uma função social que vai além do colocar o bloco nas ruas a cada Carnaval. "Nos últimos sete anos conciliamos as atividades dos blocos com parcerias que envolvem a comunidade e com isso temos conseguido executar muitos dos programas do Malê", explica Cícero Antônio, diretor musical do Malê Debalê. São projetos como escolas de dança e de informática para a comunidade, cursos para formar lideranças, dentre outros. Cerca de 200 crianças com idade até 12 anos aprendem dança e percussão com professores voluntários no Malezinho. A entidade ainda encaminha jovens para cursos profissionalizantes no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e no Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia. Abrir alas para ver o Malê é encontrar um trabalho de resgate da tradição negra na cultura baiana e das histórias de Itapoã.




Casa da Música
O titulo do projeto inicial da Casa da Música, que foi inaugurada em 03 de setembro de 1993, juntamente com as obras de recuperação do Parque Metropolitano Lagoas e Dunas do Abaeté, com o objetivo de abrigar acervos (literatura, instrumentos musicais, objetos) que retratem a história da música baiana. Hoje a Casa da Música é um Espaço Cultural que tem como principais desafios fomentar a produção cultural da comunidade e contribuir para a democratização do acesso a cultura. Realizamos dentre outras atividades: Exposições temporárias, Saraus e Bate Papos Musicados, sempre com temas ligados a música.

Bibliografia:

http://ibahia.globo.com/sosevenabahia/itapua.asp
http://casadamusicabahia.wordpress.com/

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