domingo, 12 de setembro de 2010

Histórias e casos de Itapuã




Colégio estadual rotary
Alunos: Daniele melo
Isalnice Souza
Lorena
Maira Vasconcelos
Professora: ademilde
Serie: 3ºD


Itapuã é um dos subdistritos da capital do estado brasileiro da Bahia, Salvador. Nele está localizada a praia que lhe deu o nome, além de outras tantas bastante freqüentadas pelos naturais e turistas, e ainda a Lagoa do Abaeté, o Farol de Itapuã, vários hotéis de luxo e loteamentos de classe média e média-alta
Originalmente um povoado de pescadores, onde foi erguida a igreja de Nossa Senhora da Conceição que, no sincretismo religioso, equivale a Iemanjá - objeto de culto e de festa que, originalmente, contava apenas com membros da comunidade local.

História de pescador
Simpáticos, sorridentes, criativos e conversadores, os pescadores têm muito que contar. Profissão antiga, que aos poucos foi se modernizando, tornando-se difícil para quem não consegue se adaptar. Sujeitos à chuva, sol, ventos fortes, correntezas, dias sem dormir e saudades da terra, tentam manter o riso. Nesta minha busca em conhecer mais a profissão, percorri algumas colônias de pescadores e uma extensão. Fiz entrevistas com presidentes, diretores e com os próprios pescadores. As conversas na beira do mar e piadas enquanto jogavam baralho e dominó colaboraram tanto quanto as pesquisas e entrevistas. Dentre as colônias visitadas estão à Colônia do peso Z1 (Rio Vermelho), A Mariquita união dos pescadores filiada Z1(Rio Vermelho), Colônia de pescadores COOPY Z6(Itapuã) e a extensão da colônia de Itapuã, que fica em Piatã. Todas diferenciadas em vários aspectos e integrantes cheios de história para contar.

“Quem inventou o náilon merece ser enforcado nele”, brinca o pescador da colônia Z6, Nilson sobre a substituição do fio de linha pelo náilon. Apesar de seus benefícios e duração eterna, o náilon queima muito mais a pele do que a linha. Mas o náilon não foi o único instrumento que possibilitou uma pesca moderna. Sondas e barcos motorizados deram início a pescas mais lucrativas.

Se antes a comida era esquentada numa fogueira no interior do barco com muito cuidado para não queimar as linhas, hoje fogão e gás facilitam a preparação: “Naquele tempo era fogão de pedra. Tinha que jogar água logo para apagar, porque ia fogo pra tudo que é lado, ainda mais com ventos fortes”, diz Nilson. “Os barcos têm medicamentos, rádio, coletes, bússolas. Não é como antes, a base de remo. Quase todos são motorizados. Não tem mais precisão de sair de madrugada. A rotina é 6h, 7h da manhã. Levantam, pegam seus equipamentos, pegam o barco e vão à luta”, completa o presidente da colônia de Itapuã, Nelsom dos Santos, apelidado de Pai Velho.

Uma outra realidade

Mas nem todos conseguem acompanhar a modernização. Com poucos barcos motorizados, a maioria a vela, peças deteriorizadas, sem apoio ou dinheiro para reestruturação, a colônia Z1 se encontra abandonada. Com mais de 100 barcos parados, o silêncio e a tranqüilidade do local escondem o sofrimento de uma colônia fantasma. A falta de peixe, o mau tempo, as correntezas fortes e as embarcações inapropriadas são problemas freqüentes enfrentados pelos pescadores da colônia: “Quando chegamos numa posição com condição para pegar o peixe, vêm embarcações melhores de outros lugares e levam. O pescador coitado fica com o dedo na boca esperando que aconteça o bom tempo para voltar ao mar. A situação é essa”, desabafa o presidente da colônia Z1, Eulirio Menezes, 80 anos.
O trabalho na busca pelo peixe tem dado é muito prejuízo. Um barco geralmente sai com dois, três pescadores e os gastos com gelo, mantimento, óleo, isca, náilon são relevantes. Além das despesas e a fiscalização de peixeiros, existe o chamado quinto, que é a porcentagem dada ao dono do barco. “Os pescadores saem hoje. Gastam seis sacos de gelo, R$40 de mantimento, mais R$40 com óleo. Volta daqui a três dias com 20kg de peixe. Vende por R$10 para o peixeiro que vende por R$18. São R$200. R$100 de despesa. Tira o quinto fica R$160,00. R$40, R$60,00 pra cada homem. Não paga nem a noite perdida, dormindo sentado, sujeito a chuva”, diz Eulirio. Para quem tem peixaria junto à colônia, no caso da colônia de Itapuã, a situação é benéfica.
Sábado de manhã, muitos pescadores voltam do mar. Ao som de cortes de faca, música baiana e gritos de compradores, as notícias velhas e propagandas políticas são usadas para enrolar o peixe. Depois da jornada em alto mar, o peixe conseguido é pesado, vendido, despesas paga e chega a hora de ratear o lucro. Diferente da extensão da colônia de Itapuã ou da colônia Z1 que precisa vender os poucos peixes conseguidos, sabendo que os peixeiros lucraram mais. Porém conscientes de que estes também têm suas despesas: “Mas é isso mesmo. Porque eles têm prejuízo, tem que comprar gelo, material de limpeza”, diz um dos diretores do núcleo das Mariquitas, José Silva.
A divisão nos peixes em Piatã é bem diferente. Gritos e vozes ecoam na busca pelo peixe. O remador, calandeiro e puxador, a depender da posição hierárquica obtém uma porcentagem diferente do lucro. A colônia de peso apesar de ter a peixaria junto à colônia, aluga o espaço para que a colônia sobreviva: “Vem caindo, levantando…caindo, levantando, mas vem se erguendo”, diz Eulirio.
A poluição das águas tem causado o afastamento e morte de muitos peixes, prejudicando a renda do pescador. A sujeira encontrou seu lugar na rede e indignação é geral “O pessoal que mergulha, puxa a linha, vê a isca toda amarela, rede escorregadia, uma altura enorme só de pó. Peixe nenhum come uma isca desta”, desabafa Nilson. As reclamações são baseadas na fábrica perto da colônia, lixo jogado pelos moradores e pelas plataformas: “Mês passado eu estava passando por aqui e vi duas toneladas de peixes boiando por causa do gás liberado na retirada do petróleo. Mas ninguém diz nada, abafam. Isso não sai no jornal, mas a verdade é essa”, diz Eulirio.
Sem apoio ou solução... mais difícil do que achar agulha no palheiro, só resta ao pescador se aventurar. Para quem tem barcos motorizados o jeito é adentrar na imensidão do mar. Para os que não têm ou mudam de profissão lutam por uma solução. O barco nomeado “Vou e volto com Deus” encostado na areia da praia do Rio Vermelho vai ficar com Deus por mais tempo, até que o milagre da multiplicação de peixes aconteça. Ou até que a conscientização em relação à poluição, ajuda do governo e a modernização alcance de uma vez por todas as colônias sem exclusão. Milagres acontecem, mas é preciso que o homem faça sua parte.

Festa de Iemanjá

Em 1923, 25 pescadores foram presentear a mãe d água devido a escassez dos peixes em busca de melhoras na pesca. A partir de então, todo ano, no dia 2 de fevereiro adeptos do candomblé, turistas e pescadores passaram a reverenciar Iemanjá com flores, jóias, batons e perfumes. A festa acontece no Rio Vermelho tanto na terra quanto no mar, com músicas baianas e fogos de artifício animando e engarrafando as vias estreitas.

Itapoã: Um bairro de tradição, cultura e beleza
Em Tupi Guarani, Itapuã quer dizer "pedra que ronca". Conta a história que uma pedra roncava, na praia de Itapoá, sempre que a maré estava vazante e isso acabou dando origem ao nome ao bairro, um dos mais famosos de Salvador. No início da década de 50, Itapuã era apenas uma colônia de pescadores em uma região afastada do centro de Salvador. A praia passou a ser ponto de veraneio predileto dos soteropolitanos e hoje é um dos bairros mais populosos e populares da capital baiana. O pescador Nelson dos Santos, 54 anos, acompanhou toda essa mudança. "Eu sou filho do Rio Vermelho, mas já faz 40 anos que estou em Itapuã, lugar que escolhi para morar por causa do mar ser cheio de peixe, e pescar é minha vida, isso dá tranqüilidade. Hoje em dia está tudo diferente, mas daqui não saio nem morto, tem até cemitério aqui perto!", conta Pai Veio como é conhecido.
Se nos dias atuais a tranqüilidade dos tempos passados já não existe mais, a urbanização não substituiu o encanto e o romantismo de Itapuã. "Aqui ainda é um pouco o bairro do interior, onde as pessoas se sentam na calçada para ver o fim de tarde e têm todo um jeito itapoanzeiro de ser", brinca Cícero Silva, morador do bairro, que escolheu justamente por esse motivo, há quase dez anos. Ainda vale e vai valer em qualquer tempo, seguir o conselho dado em 1969 na canção composta por Toquinho e Vinícius de Moraes: colocar um velho calção de banho e passar uma tarde ao sol que arde em Itapuã. E a labuta dos pescadores no mar ainda é espetáculo de manhã cedo e nos fins de tarde. A Colônia Z-6 tem 2.800 pescadores cadastrados, que tiram do mar o sustento para a família. Por tudo isso, embora o cenário que inspirou tantos poetas tenha mudado bastante, Itapuã continua o lugar perfeito para falar de amor. Ou, para quem está longe, lembrar saudoso como Dorival Caymmi, em Saudade de Itapuã "Coqueiro de Itapuã - coqueiro! Areia de Itapuã - areia! Morena de Itapuã - morena! Saudade de Itapuã - me deixa!".
Os distantes 21 quilômetros que separam Itapuã do centro de Salvador já não são mais percebidos depois da estrada de asfalto que liga toda a orla de Salvador. A paisagem composta de outras belas praias ajuda o passageiro a não sentir a viagem: Barra, Ondina, Rio Vermelho, Amaralina, Pituba, Chega Negro, Armação, Itapuã. Chegando lá, o visitante encontra uma boa infra-estrutura em hotéis e pousadas. Os moradores lotam as barracas de petiscos à beira-mar, muito movimentadas nos fins-de-semana. Localizada numa espécie de enseada de águas claras, Itapuã tem o mar calmo e areias enfeitadas por coqueiros. E tem coisas que só acontecem lá. Segunda- feira, por exemplo, é dia de reunir os times de futebol da vizinhança para aquele show de bola. O tradicional Baba da Ressaca reúne, logo na manhã seguinte ao agitado domingo, jogadores selecionados entre os moradores do bairro, sendo mais um ponto de encontro da comunidade do bairro. Os times se enfrentam na Associação dos ex-combatentes para curar a ressaca de domingo
Lá também fica a Capela de São Francisco, uma das mais antigas construções da Bahia, erguida por ordem de Francisco Dias D'Avila, Senhor da Torre, para abrigar a imagem de Santo Antônio Argoin. A Lavagem de Itapuã, a última do ciclo de festas populares da Bahia antes do carnaval, é uma homenagem à Nossa Senhora da Conceição, padroeira do bairro. A praça mais famosa chama-se Dorival Caymmi, também nome de uma das principais avenidas. Um outro point famoso fica no Largo de Itapuã: a barraca de Cira, famosa baiana de acarajé, atrai muitos turistas, artistas, políticos e gente da terra. Itapuã é emoldurada ainda por belas praias, o Farol de listras vermelhas e a famosa Lagoa do Abaeté.
Dentre as várias lendas e histórias fantásticas que ajudam a contar a história do bairro, ainda lembradas nas prosas dos pescadores e moradores mais antigos, está uma que teria acontecido na década de 40. Dizem que cerca de 15 mil homens desembarcaram de navios ingleses, neste trecho do litoral baiano, para escapar da artilharia alemã. Quando passou o perigo, alguns marujos retornaram ao mar, mas cerca de 200 deles se recusaram a deixar o local. Afinal, estavam diante de um verdadeiro “paraíso perdido”.

Abaeté
A noite ta que é um dia
Diz alguém olhando a lua
Pela praia as criancinhas
Brincam à luz do luar
O luar prateia tudo
Coqueiral, areia e mar
A gente imagina quanto
A lagoa linda é
A lua se namorando
Nas águas de Abaeté
(Dorival Caymmi - "A Lenda do Abaeté")
A lagoa de água escura cercada de dunas de areia branca, imortalizada pelas canções de Dorival Caymmi, é a grande atração de Itapuã. Um dos mais conhecidos cartões-postais da cidade, a Lagoa do Abaeté resulta do represamento de antigos rios que corriam na região e do acúmulo de água de chuva. Uma curiosidade é que a água tem temperatura diferente em vários trechos, resultante de correntes que não se mistura. A profundidade chega aos cinco metros, e a coloração escura é determinada pelos minerais e microorganismos presentes em toda a extensão da lagoa. As dunas são formadas pelo acúmulo de areia vinda da Praia de Itapuã e adjacências foram emolduradas, com o passar do tempo, por cobertura vegetal. Essa vegetação desempenha um importante papel na preservação da flora local, e entre as espécies mais encontradas estão orquídeas (algumas de espécies raras) e árvores frutíferas, como goiabeiras e cajueiros. A área de Proteção Ambiental desde 1987, é um dos maiores centros de lazer ecológico do Nordeste.
O Parque do Abaeté ocupa uma área de 400 hectares, e desde que foi criado, em 1993, passou a ser um importante pólo de lazer ecológico de Salvador. A área urbanizada, quase metade do total do parque, reúne atrativos, naturais e culturais, como Casa da Música, lanchonetes, restaurantes, lojas de artesanato, playground e 17 quiosques para a venda de coco e de comidas típicas. Na Casa da Música da Bahia estão reunidos documentos que contam a história da música baiana, em acervos de música, vídeo, fotos, livros e instrumentos musicais. Logo na entrada quem recebe os visitantes é a "fobica", utilizada por Dodô e Osmar na criação do trio elétrico, decorada como na época.
Tem também a Casa das Lavadeiras, uma iniciativa para evitar a poluição da água com lavagem de roupa sem retirar do local as mulheres que há anos sustentam as famílias usando a água da lagoa. Para tornar a labuta menos árdua, as lavadeiras costumam cantar e organizam festas religiosas. O Abaeté é, inclusive, porto de diversas manifestações de cultos afro-baianos, que utilizam o local para deixar oferendas a Oxum, o orixá da água doce. E palco de lendas também: uma delas conta que, às margens da lagoa, é possível ouvir sons de atabaques de candomblé sem que se identifique sua origem. Um resgate dessas lendas foi feito a partir de uma parceria entre a Secretaria Municipal de Educação e Cultura de Salvador e o bloco afro Malê Debalê. Estudantes entrevistaram lavadeiras, moradores e pescadores do bairro e escreveram o livro Lendas e magias da Lagoa do Abaeté, que está sendo utilizado como material didático na rede pública de ensino. Esse é apenas um dos projetos de resgate da história do bairro, já está em fase de preparação a próxima publicação: História de Pescadores.

Lagoa do Malê

Um dos mais importantes blocos afros de Salvador, o Malê Debalê, nasceu nas areias do Abaeté, há mais de 20 anos. Antes de ser uma agremiação carnavalesca, o bloco possui um trabalho de resgate histórico e das tradições do candomblé, repassando a história do povo negro para os integrantes e toda a comunidade do bairro de Itapuã. O próprio nome Malê Debalê é uma referência à Revolta dos Malês, manifestação em prol da liberdade que aconteceu na Bahia escravocrata do início do século XIX. O levante dos Malês aconteceu na madrugada de 25 de janeiro de 1835, e só acabou depois de muitas horas de luta pelas ruas do centro de Salvador.
A entidade tem uma função social que vai além do colocar o bloco nas ruas a cada Carnaval. "Nos últimos sete anos conciliamos as atividades dos blocos com parcerias que envolvem a comunidade e com isso temos conseguido executar muitos dos programas do Malê", explica Cícero Antônio, diretor musical do Malê Debalê. São projetos como escolas de dança e de informática para a comunidade, cursos para formar lideranças, dentre outros. Cerca de 200 crianças com idade até 12 anos aprendem dança e percussão com professores voluntários no Malezinho. A entidade ainda encaminha jovens para cursos profissionalizantes no Centro Federal de Educação Tecnológica (Cefet) e no Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia.
O Carnaval 2001 foi preparado com muito carinho pelos organizadores do bloco. O público é de aproximadamente mil pessoas, vindas de bairros como Itapuã, Cajazeiras, Pau da Lima e Amaralina. A festa começa às 17h, com apresentação do Malezinho, e segue com apresentação do Malê Debalê, que tem início às 19h. Abrir alas para ver o Malê é encontrar um trabalho de resgate da tradição negra na cultura baiana e das histórias de Itapoã

Bibliografia
http://pt.wikipedia.org/wiki/Itapu%C3%A3_(Salvador)

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